Top 60: Os Melhores Filmes da Década (2000-2009) Parte 6 (10-1)

Continuando agora a lista dos top 60 filmes da década. Para referência:

Parte 1 (60-51)

Parte 2 (50-41)

Parte 3 (40-31)

Parte 4 (30-21)

Parte 5 (20-11)

10# Juno (Juno, 2007, Jason Reitman)

“You should’ve gone to China, you know, ‘cause I hear they give away babies like free iPods.”

Esse é provavelmente o filme que vai causar mais discórdia, e que muito poucos irão achar que merece estar numa posição tão alta assim, mas eu acho que no que o filme tem a intenção de fazer, ele é quase perfeito. Eu assisto, assisto, e continuo não achando nenhum momento em que ele não funciona. Eu tenho fé que Jason Reitman seja provavelmente a maior promessa para o futuro revelada nessa década. O roteiro de Diablo Cody é espetacular, e eu ainda acredito muito nela como roteirista apesar de alguns trabalhos que eu não gostei tanto quanto gostaria. Ellen Page é a grande estrela do filme, que novamente, é com certeza uma das maiores promessas para o futuro da geração dela. O que ela fez nesse filme é coisa de gente grande.

9# Dogville (Dogville, 2003, Lars von Trier)

“All I see is a beautiful little town in the midst of magnificent mountains. A place where people have hopes and dreams even under the hardest conditions.”

Eu imagino que seja muito difícil fazer um drama de três horas de duração, que se passa todo em um único cenário como se fosse uma peça de teatro, e cheio de diálogos complexos e filosóficos, e ainda assim prenda a atenção do espectador durante cada minuto. Lars von Trier consegue fazer isso, e muito mais. O roteiro é brilhante, e assumir que o mesmo cara que tem a criatividade diretorial para compor as características únicas de Dogville também é o cara que escreveu essa obra a partir do zero, é algo realmente impressionante. É aquele tipo de filme também que pega uma atriz que já começou a perder o respeito por pegar trabalhos fúteis e faz ela mostrar porque ela merece ser famosa, que é exatamente o que faz com Nicole Kidman. O trabalho dela e do resto do elenco é muito bom, mas o grande trem puxando o filme para cima é com certeza o roteiro, que como disse Quentin Tarantino, se Lars tivesse feito essa história no teatro, tinha ganhado um Pulitzer.

8# Moulin Rouge! (Moulin Rouge, 2001, Baz Luhrmann)

“The greatest thing you’ll ever learn is just to love and be loved in return.”

Eu sei que eu tenho um fraco por musicais em geral, mas esse filme é realmente fantástico. É tão difícil ver um musical hoje em dia em que as musicas são bem produzidas e ao mesmo tempo são tão empolgantes que te deixam cantarolando ao sair do cinema, mas Moulin Rouge faz isso com muita propriedade, fazendo versões de grandes clássicos da música, e com algumas músicas originais muito boas. Visualmente é tudo muito bonito, e a história é fantástica. O filme realmente te leva para os lugares que quer levar, e realmente te faz conectar profundamente com as personagens, o que é outra coisa muito difícil de se encontrar em musicais. Nicole Kidman e Ewan McGregor fazem um casal muito convincente, e ambos mostram grandes vozes. O filme acaba sendo uma homenagem ao amor de forma que poucas vezes foi visto.

7# Deixa Ela Entrar (Låt den rätte komma in, 2008, Tomas Alfredson)

“I’m twelve. But I’ve been twelve for a long time.”

Melhor filme de vampiros que eu já assisti. O filme consegue ser interessante por várias vertentes diferentes. Primeiro ele tenta, metaforicamente, demonstrar os problemas da transição entre a infância e a juventude para um garoto com problemas para se relacionar com outras crianças. Apresenta também a evolução dos sentimentos de vingança nutridos pelo garoto dado o bullying sofrido, e mostra sua nova amiga vampira como uma expressão desse sentimento. Além disso, o filme tem muito valor de entretenimento, funcionando com cenas de suspense e tensão, e criando uma atmosfera muito singular e muito apropriada para o clima que o filme deveria ter. O final é perfeito, e possui uma cena antológica que não sai da sua cabeça.

6# Up – Altas Aventuras (Up, 2009, Pete Docter e Bob Peterson)

“I was hiding under your porch because I love you.”

Quarto filme da Pixar nessa lista (para mostrar a minha grande admiração), e na minha opinião, o melhor filme que eles já fizeram. O filme não tem um simples defeito. Ele passa o tempo inteiro extraindo as emoções do espectador ao máximo, de forma que você não passa muito tempo em nenhum momento do filme sem morrer de rir ou ficar pesadamente emocionado. Novamente, as sequências que contam histórias sem usar nenhum diálogo são maravilhosas, e muito bem inseridas no filme. O filme em geral é ousado, mas ainda se mantendo muito apropriado para crianças, sem, é lógico, subestimar a inteligência delas. A história tem momentos de cortar o coração, e é sem dúvida alguma a história mais relacionável e mais pessoal que a Pixar já criou.

5# Na Natureza Selvagem (Into The Wild, 2007, Sean Penn)

“I’m going to paraphrase Thoreau here… rather than love, than money, than faith, than fame, than fairness… give me truth.”

Sean Penn há muito tempo é um dos meus atores preferidos, mas eu nunca pensaria que ele teria tanta sensibilidade como diretor para tornar uma história com várias características abstratas em algo realmente cinemático, mantendo todo o sentido do que ela quer contar, ainda mais depois de realmente não ter gostado de outro filme que ele dirigiu, chamado A Promessa (The Pledge, 2001). Tem um número enorme de cenas que quem assiste não vai esquecer tão cedo, e um número igualmente enorme de diálogos e narrações que permeiam nossa mente por muito tempo. Possui um grande elenco de grande qualidade, mas Emile Hirsch domina esse filme completamente, com uma atuação quase perfeita. Tem drama, romance, comédia, ensinamentos filosóficos, e até aventura. Chega a ser terapêutico ver esse filme de tempos em tempos.

4# Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças (Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004, Michel Gondry)

“Random thoughts for Valentine’s day, 2004. Today is a holiday invented by greeting card companies to make people feel like crap.”

Charlie Kaufman deve ser o melhor roteirista do mundo mundo hoje. Eu não sei como ele consegue unir tanta coisa incomum e original, e fazer tudo funcionar, todas as vezes. Brilho Eterno De Uma Mente Sem Lembranças possivelmente tem o melhor roteiro original da última década. A história te atinge muito profundamente, e te impressiona pelo menos uma vez a cada 5 minutos. Michel Gondry faz um trabalho quase perfeito dessa vez em transformar as palavras em cenas, e também mostra uma criatividade muito grande ao construir esse filme. Jim Carrey mostra mais uma vez que consegue fazer drama, e consegue fazer de forma muito eficaz. Porém, quem rouba a cena aqui é com certeza Kate Winslet, que tem, na minha opinião, uma das melhores performances femininas da década. Esse filme em momentos é devastador com suas verdades e idéias, mas no momento que ele acabou eu tinha muita certeza que eu ainda queria mais.

3# Réquiem Para Um Sonho (Requiem for a Dream, 2000, Darren Aronofsky)

“Purple in the morning, blue in the afternoon, orange in the evening. And green at night. Just like that. One, two, three, four.”

Vou começar a falar sobre esse por um assunto diferente: a trilha sonora. Essa é a minha trilha sonora preferida de todos os tempos. Clint Mansell criou um dos melhores pedaços de música já usados em filme na história do cinema, e só isso já me empolga um pouco com o filme. Fora isso, a direção de Darren Aronofsky é fenomenal, e captura o espírito da história de formas que você nunca imaginaria que poderia ser feito. Ellen Burstyn está sensacional, Jared Leto está sensacional, Jennifer Connelly está sensacional, até Marlon Wayans trabalha bem. Se você me perguntar, eu diria que é o melhor filme sobre drogas já feito. As emoções que ele passa são muito precisas e muito intensas, e o final destrói qualquer pessoa.

2# O Labirinto do Fauno (El laberinto del fauno, 2006, Guillermo Del Toro)

“Hello. I am Princess Moanna, and I am not afraid of you.”

O único motivo pelo qual eu disse que o roteiro de Brilho Eterno é só possivelmente o melhor roteiro original da década é por causa dessa obra prima. Esse é um dos roteiros mais brilhantes que já foram produzidos em muito tempo. A mistura da fantasia com a realidade, intercalando histórias de uma princesa e seus súditos em um mundo mágico com histórias da guerra civil espanhola, nunca foi feita com tanta maestria. Mas é só o começo das grandes qualidades desse filme, porque ele é visualmente uma obra de mestre. Todos sabemos como os filmes de Guillermo del Toro sempre apresentam designs de criaturas e cenários muito criativos, muito bem produzidos e de muito bom gosto, mas O Labirinto do Fauno ultrapassa todas essas marcas. A direção de arte é estelar, e a fotografia é de tirar o fôlego. Apesar de ser difícil achar uma criança para atuar de verdade hoje em dia, a menina faz um trabalho incrível, o que também faz o homem que interpreta seu padastro. Já virou um dos meus filmes preferidos de todos os tempos, e um clássico eterno.

1# O Senhor dos Anéis (The Lord of the Rings, 2001/2002/2003, Peter Jackson)

“An hour of woes and shattered shields, when the age of men comes crashing down! But it is not this day! This day we fight! By all that you hold dear on this good Earth, I bid you stand, Men of the West!”

Pode me chamar de parcial, de fã de blockbusters cheios de efeitos especiais ou qualquer coisa do tipo, mas essa saga é uma grande obra-prima. É o Star Wars da nossa geração. Peter Jackson fez o que muita gente considerou impossível por muito e muito tempo: transportar uma das histórias mais adoradas de todos os tempos para as telas do cinema, e de fato fazer um excelente trabalho com isso. A adaptação do livro é 100% perfeita, se você ler com cuidado você vai perceber que exatamente tudo que tem fala que funcionaria em um filme foi mantido, tudo que não funcionaria foi tirado, e tudo que precisava ser alterado foi alterado. O desenvolvimento de personagens é incrível, eu nunca vi um filme com tantos personagens tão importantes para a história, fazer você se importar e conhecer a personalidade de todos eles. Mas o grande trunfo desses filmes, além da empolgação e dos sentimentos que eles transmitem, é que ele consegue mostrar excelência em quase todas as áreas ao mesmo tempo. Direção de arte, fotografia, atuações, edição, som, trilha sonora, efeitos especiais, tudo isso impressiona como características isoladas, e impressiona pela forma como isso tudo foi juntado de forma natural, o que é um grande mérito de Jackson. É meu filme preferido da década, e é provavelmente meu filme preferido de todos os tempos.